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Entrevista com Goura - Astrólogo Jyotisa Astrologia Védica


No dia 03 de março deste ano Goura Hari Dasa - Astrólogo Védico iniciará o Curso de

Fundamentos Básicos do Jyotisa - Astrologia Védica. O curso terá aulas virtuais via Zoom e também presenciais, as quais serão dadas no Holon de Estudos Sampurnayus em São José dos Campos. A finalização do curso será na Aldeia do Holon em Campos do Jordão. Aproveitei a oportunidade fazendo uma entrevista para conhecer um pouco mais sobre a Astrologia Védica e também sobre o Goura. Segue a entrevista.


Fabiana: Qual a diferença entre a Astrologia Ocidental e a Astrologia Védica?

Goura: Em termos de base, ambas as astrologias são muito similares, pois gozam do mesmo ABC (planetas, signos e casas) e possuem uma origem em comum. Mas a astrologia indiana difere da ocidental no que se refere a orientação do zodíaco, pois usamos um zodíaco sideral, invés de tropical. Em termos simples, isso significa dizer que o nosso zodíaco é móvel, o que gera variações nos cálculos das posições dos planetas (e casas) nos signos. Logo, pessoas que no zodíaco tropical tem o Sol em leão e o ascendente em virgem podem se deparar com um Sol em câncer e um ascendente em leão quando recalculam o mapa a partir do zodíaco sideral.

Outra diferença significativa que existe entre os dois métodos, ocidental e indiano, é de que os indianos também incorporam na sua análise uma divisão do céu em vinte e sete partes, ao invés de só usarem a divisão de doze (o zodíaco). O nome dessa divisão é nakshatra. Com os nakshatras se pode obter mais especificidade em relação a um posicionamento. Por exemplo, alguém com a Lua em gêmeos pode ter ela ocupando o nakshatra mrigashirsha, ardra ou punarvasu, o que gera três variações para um mesmo signo e, portanto, três perfis geminianos bastante distintos.

Os indianos também abordam os olhares (aspectos) entre os planetas de uma forma distinta, usam de certos pontos virtuais que não vemos no sistema ocidental, além de terem desenvolvido dezenas de dashas, técnicas que dividem o tempo de vida em períodos regidos pelos planetas ou pelos signos, o que é usado para prever eventos futuros. Enfim, há muitas técnicas e mesmo métodos de jyotisha que são bastante singulares, quando comparados aos métodos ocidentais. Não é possível descrever tudo isso aqui, mas uma coisa é certa: os indianos desenvolveram maior habilidade no que tange a predição de eventos, além de gozarem de um sistema filosófico muito rico e que oferece um grande suporte ao jyotisha, dando a ele um embasamento que não encontramos nos outros sistemas de astrologia. Inclusive, isso nos ajuda com a parte do aconselhamento e da recomendação de medidas corretivas (mantras/orações, pujas/rituais, hábitos, etc.). Mesmo o número de técnicas e métodos presentes na astrologia indiana é mais vasto do que aqueles que encontramos nos métodos de astrologia ocidental, sejam eles referentes a astrologia helenística, medieval, renascentista ou moderna.

Fabiana: Você diria que a astrologia védica é puramente uma ciência lógica ou ela depende também de uma habilidade intuitiva?

Goura: O jyotisha pode ser aceito como uma ciência dentro da acepção tradicional (e não na moderna) do termo, isso é, de um saber que não depende de causas mensuráveis (átomos, elétrons, etc.) para ser tratado como ciência, mas sim de sua aplicabilidade, pois está apoiado na metafísica, ou seja, nos princípios próprios a intuição intelectual.

A base da astrologia é a analogia entre os movimentos do céu e os eventos na Terra, e não a mensuração das influências físicas dos planetas, algo que definitivamente não a explica. Assim, o jyotisha é uma ciência na acepção tradicional do termo, ou seja, é uma sabedoria ou uma ciência sagrada, essencialmente holística.

Como toda ciência sagrada, ou holística, o jyotisha depende de muito mais do que proficiência técnica no assunto. O astrólogo também precisa ser íntegro a nível moral e espiritual para ter um nível significativo de sucesso nas suas interpretações e predições. Inclusive, na tradição é dito que apenas um brahmana pode ser um bom astrólogo, sendo que brahmanas são indivíduos que, dentro da organização social, estão no topo, pois representam a classe intelectual e sacerdotal, ou seja, são a cabeça da sociedade.



Goura Hari Dasa
Goura Hari Dasa

Fabiana: Como você conheceu a Astrologia Védica?

Goura: Em 2011 eu travei meu primeiro contato com o jyotisha, a astrologia indiana, popularmente conhecida como astrologia védica. No caso, a conheci por meio dos fóruns on-line e, a partir daí, migrei rapidamente da astrologia ocidental (que já estudava com regularidade a uns dois ou três anos) para a indiana, com a qual me identifiquei mais justamente por já ter também algum interesse nas tradições espirituais do oriente.

No início, fui auxiliado por alguns amigos que já estudavam o jyotisha. Depois fui me aprofundando por meio do contato que tive com alguns professores. Porém, a maior parte do meu estudo está baseado na leitura dos textos clássicos e nas pesquisas que fui desenvolvendo em cima desses. Também fui bastante influenciado pela metodologia de um astrólogo indiano chamado K. N. Rao.

Fabiana: Você poderia comentar sobre o seu caminho espiritual? Você segue um caminho espiritual específico, ou um guru?

Goura: Sou iniciado em uma tradição de vedanta vaishnava, a tradição gaudiya, que se desenvolveu na Bengala, por meio do exemplo e das instruções dadas por um grande santo e reformador espiritual, Shri Chaitanya Mahaprabhu, reconhecido nas várias ramificações da tradição gaudiya como o avatāra mais recente de Shri Shri Radha Krishna, e que data do século XV.

Embora essa linhagem tenha assumido sua forma específica no século XV, motivada pelas reformas impulsionadas por Mahaprabhu e seus seguidores, ela já existia antes sob o nome de Brahma Madhva sampradaya, a linhagem de Madhvacharya, um dos acharyas (mestres que deixam exemplos significativos) de uma das quatro linhagens vaishnavas que gozam de autoridade dentro das tradições hinduístas.

Fui iniciado nessa tradição gaudiya em 2012, pela graça de meu Gurudeva, Shrila Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja, discípulo direto de Shrila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja e Shrila Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja, dois dos três pilares da Shri Gaudiya vedanta samiti, uma das principais frentes do vaishnavismo gaudiya na Índia.

Como todas as tradições vaishnavas autorizadas, a linha gaudiya a que pertenço é centrada no caminho da devoção, denominado bhakti yoga. No ocidente, essa linhagem ficou popularizada no fim da década de 60 como movimento Hare Krishna, ou movimento para a consciência de Krishna.

A prática toda envolve serviço devocional sob a orientação de um guru genuíno (alguém que vive 24hrs por dia absorto no serviço ao Senhor), sendo que uma ênfase especial é dada no cantar dos santos nomes do Senhor: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare.

Nossa concepção central, em palavras simples, é de que todas os seres são essencialmente servos eternos do Senhor, e de que a felicidade só pode ser alcançada quando compreendemos e vivemos isso a nível prático, ou seja, nos identificando como seres cuja única relação eterna se dá com Deus, que é a fonte de todos os relacionamentos e o verdadeiro objeto do amor. Todos os demais seres devem ser objeto de nossa compaixão, a qual só pode ser realmente oferecida quando desenvolvemos amor genuíno por Deus e buscamos ajudar os outros a também desenvolverem esse tipo de relação com Ele.



Fabiana: Qual é a sua área principal de atuação na Astrologia Védica?

Goura: O ramo de jyotisha a que mais me dedico é o denominado jataka-jyotisha, a astrologia natal, ou genetlíaca, que trata do destino de um ser vivo. Esse é o ramo onde a interpretação é focada no indivíduo e no estudo do impacto de seu karma passado sobre a sua vida atual.

Dentro da astrologia natal, foquei em especial no estudo dos métodos de Parashara e Jaimini, dois astrólogos antigos que hoje são reconhecidos como fundadores de duas escolas específicas de astrologia.

Fora a astrologia natal, também estudo a astrologia horária (prashna), que foca em responder perguntas imediatas - por meio de um estudo das posições atuais dos planetas no céu -, e a astrologia eletiva (muhurta), que foca no estudo dos momentos mais apropriados para se iniciar diferentes atividades.


Fabiana: Como marcar uma consulta pessoal com você, e como são as consultas? Que tipo de informação é necessária?

Goura: Basta entrar em contato via e-mail (jyotishabr@gmail.com), ou whatsapp (12996242742). Ofereço consultas tanto presenciais quanto também à distância, via skype, whatsapp, zoom ou por telefone.

Minhas consultas se dividem em: (1) interpretação natal, que é o estudo das promessas do mapa para quatro ou mais áreas (afetiva, profissional, financeira, saúde, espiritual, etc.), incluindo eventos futuros que interessem ao cliente a respeito de tais áreas; (2) eletiva, a qual envolve a seleção de um momento apropriado para dar início a uma determinada atividade, seja ela um casamento, a abertura de um negócio, o início de um litígio, etc.; (3) sinastria, que é a comparação de mapas de casais, visando determinar a compatibilidade afetiva; (4) retificação, que envolve ajustar o horário de nascimento daqueles que tem dúvidas sobre a precisão desse; (5) interpretação anual, que é basicamente a consulta visando determinar os eventos e focos ano a ano. Esse tipo de consulta é para aqueles que já fizeram uma interpretação natal e querem acompanhar suas mudanças de períodos, trânsitos, etc., ao longo dos anos seguintes.

Todas as consultas são gravadas e a duração delas é variável. Uma interpretação natal, por exemplo, pode durar de 1h à 1h30m, ao passo que a eletiva nem sequer precisa de uma consulta, uma vez que concerne apenas a seleção de uma data específica, o que pode ser informado via e-mail, whatsapp, etc.

Os dados que preciso para a realização de uma interpretação são: data, hora e local de nascimento, basicamente.


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