Quando se diz que o karma nasce da necessidade, deve-se compreender que essa necessidade está amarrada ao simples fato de se existir em uma condição ignorante, pois a ignorância (ajñāna) a respeito de quem somos e de qual é o nosso real propósito nos faz lutar por manter diferentes identidades temporárias que assumimos ao longo do ciclo de nascimentos e mortes a que estamos sujeitos. Logo, o karma é fardo no sentido de nos sujeitar a agir baseados em falsas designações que assumimos, como as de ser homem, mulher, esposo ou esposa, pai ou mãe, determinado profissional ou membro de um país, grupo político, etc. Uma vez que todas as ações realizadas em função dessas designações sempre nos deixam insatisfeitos, com o sentimento de que algo está a faltar, a incompletude é inevitável e, com isso, a reencarnação, fruto de desejos insatisfeitos. Todo esse cenário parece bastante pessimista, mas na verdade ele só o é quando insistimos em permanecer ignorantes quanto aos meios pelos quais podemos por fim a esse ciclo, pelo cultivo de conhecimento apropriado a respeito de nossa natureza essencial, enquanto seres espirituais eternamente relacionados ao Absoluto, realização essa que compete ao yoga e as tradições espirituais evocar. No que se refere ao jyotiṣa, a astrologia da Índia, através dele podemos compreender claramente a situação do karma que nos ata e também nos aproximar mais de um entendimento espiritual, o que pode eventualmente inspirar uma busca no yoga e nas tradições sagradas, visando solucionar os nossos verdadeiros problemas, os quais estão todos enraizados na ignorância a respeito de quem somos e o que devemos fazer. om tat sat Goura Hari dāsa
O Karma Dentro da Perspectiva da Astrologia Védica
Atualizado: 18 de fev. de 2020
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