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Se somos o que comemos, será que estamos ultraprocessados?

No dia 21 de setembro o podcast Café da Manhã da Folha de São Paulo comentou a nota técnica do Ministério da Agricultura enviada ao Ministério da Saúde que faz críticas e pede a revisão do "Guia Alimentar para a População Brasileira", principalmente no que se refere à recomendação pela redução de alimentos ultraprocessados e sua classificação como tal.

O Guia Alimentar

O Guia Alimentar brasileiro oferece informações sobre alimentação e saúde com base em uma classificação que divide os alimentos de acordo com o nível de processamento em sua

produção. Em 2016 a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) o classificou como um dos quatro mais completos do mundo por considerar tanto aspectos de saúde como do meio ambiente e culturais, equiparando-o com os documentos da Suécia, da Alemanha e do Qatar.

A grande questão é a polêmica da classificação de alimentos ultraprocessados, que de acordo com o site saudebrasil.saude.gov.br são formulações industriais, em geral, com pouco ou nenhum alimento inteiro. Esse grupo de alimento sempre contém aditivos, como é o caso das salsichas, biscoitos, geleias, sorvetes, chocolates, molhos, misturas para bolo, barras energéticas, sopas, macarrão e temperos instantâneos, salgadinhos chips, refrigerantes, produtos congelados e prontos para aquecimento como massas, pizzas, hambúrgueres e nuggets.

De acordo com o Guia Alimentar de 2014 “A regra de ouro é: descasque mais e desembale menos, prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.”

Rita Lobo foi a entrevistada convidada do Café da Manhã. Além de elogiar o Guia Alimentar que também considera e valoriza a cultura brasileira, ela alertou sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados: “Tudo o que tem aditivos químicos, que são corantes, estabilizantes, emulsificantes, aromatizantes são coisas que não vêm da natureza e que o corpo da gente não entende como comida.” A importância dos alimentos frescos também foi ressaltada por ela: “Não é à toa que a gente dá a preferência a feira para comprar os alimentos frescos porque são os alimentos vivos que vão trazer nutrientes pra gente.”


E como o Ayurveda, medicina milenar da Índia vê essa questão?

Bom, há pelo menos 2 mil anos o Ayurveda prega, na teoria e na prática, que alimentos são

também remédios. Mais do que isso, através da escolha de alimentos corretos, poderíamos evitar a instalação de doenças, o que coloca o alimento numa posição ainda mais importante do que a medicinal.

Digamos que para o Ayurveda o alimento simboliza o potencial de saúde inerente ao ser. Ou seja, se a alimentação ao longo da vida é correta desde o ponto do vista da necessidade do corpo, a saúde será plena e ideal. E o contrário também é verdadeiro.

Além do alimento em si, o Ayurveda discorre bastante sobre as condições climáticas e o

momento da vida do indivíduo para definir a dieta ideal. Isso reforça a fala da especialista Rita Lobo mencionada acima, uma vez que o alimento plantado e/ou produzido localmente, está em consonância com as condições de solo e clima da região. O melhor, portanto, seria consumir alimentos produzidos localmente, que sejam frescos e custem menos para o macro sistema (planeta), bem como para o micro sistema (digestão humana).

Dani Dupont, terapeuta Ayurvédica e professora de Ayurveda do Holon de Estudos

Sampurnayus, em suas classes costuma dizer que um alimento que nossas avós não

reconheceriam não pode ser considerado um alimento de verdade. São pseudoalimentos,

conjuntos de substâncias e aditivos químicos que misturados apresentam cheiro, gosto e

aparência de comida. Mas não são de fato alimentos que existem na natureza.

Um teste interessante que ela mesma propõe é deixar comida ao relento por um tempo. Muito provavelmente com o passar dos dias o pseudoalimento continuará intacto, enquanto que o alimento de verdade será devorado pelos animais da natureza.

Pensando assim e juntando com o raciocínio que o Ayurveda traz que mencionamos

anteriormente, podemos concluir que não ingerir os ultraprocessados citados no Guia

Alimentar pode nos poupar de doenças ao longo da vida.

E é bom lembrar que a alimentação é como uma roleta russa: nunca saberemos que tipo de

desequilíbrio deixamos de ter porque adotamos um hábito alimentar mais natural.

Como provocação final, instigadas pela polêmica envolvendo o Guia Alimentar, e tendo deixado clara nossa opinião sobre o tema, gostaríamos de convidar a todos os leitores que reflitam e testem a substituição do que hoje é conhecido por alimentação saudável por uma alimentação mais natural, preparada com amor, ingerida em um ambiente de paz e com respeito absoluto pelo corpo que a digere e pela natureza que a produz.

Assim, com certeza estaremos cada vez mais ayurvédicos e menos processados.


Diferença: ultraprocessados x in-natura

Alimentos ultraprocessados são aqueles fabricados pela indústria com a adição de gordura, sal, açúcar, conservantes e demais substâncias que alteram o alimento in natura. São exemplos:

• Refrigerante

• Carne processada, como salsichas e hambúrgueres

• Biscoitos industrializados

• Salgadinhos

• Macarrão instantâneo

Alimentos in natura são aqueles vindos diretamente de plantas ou de animais, que não sofreram qualquer alteração após deixarem a natureza. São exemplos:

• Verduras e legumes

• Grãos

• Frutas

• Ovos

• Leite



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