Comecei a meditar, a estudar e praticar ensinamentos que flexibilizaram minha forma de pensar e sentir e ampliaram meu estado de consciência.

Nesse caminho espiritual existe a possibilidade de vida monástica e com 23 anos fui viver em uma comunidade (assim chamamos os lugares que fazem essa escolha de vida). Vivi essa profunda experiência espiritual por 15 anos. Eu tinha toda a força da juventude dedicada a aguçar o olhar interior, a perscrutar os segredos da vida e buscar contato direto com o divino. Foram anos de muito silêncio, muito contato com a natureza, muita leitura e muita meditação. Nessa experiência de vida consagrada formei o cerne de minha vida. Desde ai busco inspiração, força e amor.

Bem, ninguém vai a um monastério para...casar, né? Mas aconteceu! Apaixonei-me por Miguel, meu esposo, estando no monastério e deixei a vida monástica para viver a experiência de amor... como chamar? Amor carnal? Amor humano? Amor entre homem e mulher? Amor de amantes?

Um amor de fusão e expansão. Dois tão unidos formando Um modificado, com uma energia tão grande aprisionada que se expande em todas as direções...capaz de abrigar nesse leque muitos queridos amigos.

Saí do monastério, casei e comecei uma vida profissional.

Fui trabalhar com Ricardo Semler em projetos sociais e educacionais muito inovadores. Eu era diretora da Escola Lumiar, uma parceria público-privada que ganhou o prêmio da Microsoft de uma das 12 escolas mais inovadoras do mundo.

Viajei muito nessa época. Dentro e fora do Brasil. Fazia palestras explicando o método de nossa escola, contava como funcionava uma escola democrática, como as crianças aprendiam. Foi ai que peguei o gosto por ensinar e compartilhar experiências.

Era maravilhoso, desafiante mas ao mesmo tempo trabalhava em permanente stress...o telefone não parava de tocar, as tarefas eram todas urgentes, falar em público e falar com a imprensa sem errar, sempre novos projetos...e apareceram as doenças...uma bronquite crônica e uma enxaqueca que me fazia viver a base de novalgina...hora de parar.

Tive medo de continuar na área de educação e me arrepender para sempre de ter saído de um projeto tão inovador.

Resolvi repensar minha vida profissional. Ir em outra direção.

Enquanto repensava, surge uma oportunidade de abrir uma loja e atacado de produtos naturais, já que Miguel trabalhava com importação de frutas secas.

Abrimos a Casa do Cereal e lá fui eu trabalhar em comércio.

Mas loja de produtos naturais não é uma mercearia, um mercadinho. Parece mais com aquelas boticas de antigamente.

O cliente chega e em vez de pegar o produto e ir para o caixa ele sempre tem uma pergunta:

- O que é bom para a próstata?

Depois tem os “causos”:

- Minha tia usou farinha de berinjela e o colesterol dela baixou... você acha que funciona mesmo?

E ai eu, que não gosto de inventar ou de achar por achar, começo a estudar nutrição. Quanto mais estudo, mais as pessoas confiam e vem perguntar e quanto mais elas perguntam mais tenho que estudar para responder com propriedade...
Mas esse estudo começa a me deixar decepcionada. Muita informação contraditória, muita informação manipulada, muitos interesses econômicos gerando informações falsas.

Como posso confiar em dados de pesquisas patrocinadas pelas empresas que querem vender seus produtos?

E a nutrição moderna nasce e se alimenta da vida das indústrias...

Eu tinha que buscar uma outra fonte de informação, não contaminada por interesses expurgos.

Ai surgiu o Ayurveda.

Uma prática médica indiana de mais de 5 mil anos com certeza seria muito anterior a qualquer indústria de  alimentos!

Comecei a estudar Ayurveda num curso de pós- graduação no Naradeva Shala. Ali tive professores maravilhosos como o Erick Shultz, a Sabrina Alves, Cesar Deveza, Danilo Carneiro, Carlos Chesta, Luiza Lage.     

Foram dois anos intensos e transformadores. Ali conheci muita gente linda que me acompanha nessa jornada transformadora do ayurveda, como a Wanda Del Vechio, minha amiga e parceira de aventuras!

Quando terminei a pós graduação comecei a viajar para a Índia em busca de conhecimento aprofundado direto da fonte. Já fui várias vezes para a Índia, participei como tradutora de cursos de Nutrição e Culinária Ayurvédicas, de Fitoterapia ayurvédicas, de Diagnóstico e tratamentos ayurvédicos.

Resido atualmente com meu marido Miguel Kuntur Andino na Aldeia do Holon em Campos do Jordão